Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que eu acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda, que triste. Porque metade de mim é partida mas outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me coroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui, a outra metade eu não sei ... Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos apronte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Metade de mim Oswaldo Montenegro |
Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio. Que a morte de tudo que eu acredito não me tape os ouvidos e a boca. Porque metade de mim é o que eu grito, mas a outra metade é silêncio. Que a música que eu ouço ao longe seja linda, ainda, que triste. Porque metade de mim é partida mas outra metade é saudade. Que as palavras que eu falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor, apenas respeitadas como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimento. Porque metade de mim é o que eu ouço, mas a outra metade é o que calo. Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço. Que essa tensão que me coroe por dentro seja um dia recompensada. Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão. Que o medo da solidão se afaste, que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável. Porque metade de mim é a lembrança do que eu fui, a outra metade eu não sei ... Porque metade de mim é abrigo, mas a outra metade é cansaço. Que a arte nos apronte uma resposta, mesmo que ela não saiba, e que ninguém a tente complicar porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer. Metade de mim Oswaldo Montenegro |
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